quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O eterno Tic Tac!

Há umas semanas a minha adorável mãe entra no meu quarto com um cartãozinho na mão e disse: "Bilinha, olha o que encontrei!!!". Era um cartão de registo do Pediatra que me seguia quando eu era ainda um bebé. Fiquei a saber que ao fim do primeiro mês pesava 4700g (era bem gordinha!!!!), media 56cm (E GRANDONA!!!) e tinha 38,5cm de perímetro cefálico (e cabeçuda, pelos vistos! o.O). 

Pensamento vai e pensamento vem, comecei a imaginar como teria sido aquela época e apercebi-me que eu já tinha chegado à idade que a minha mãe tinha quando eu nasci... tão depressa? Isto é, com a minha idade, ou seja, quase 27 anos, a minha mãe já tinha 1 marido, 2 filhos, 1 emprego a tempo inteiro e uma casa para gerir e organizar! Ainda me sinto tão longe disso, que até me arrepia só de pensar. É verdade que os tempos são outros, que as pessoas agora investem mais na sua formação, privilegiam outros tipo de experiências pessoais (que não o casamento e o lar), como sejam viajar e conhecer outras culturas, dispor mais tempo para os seus hobbies como forma de abstracção e libertação de stress do dia-a-dia, sair com os amigos, sair à noite, etc. 

As mudanças da sociedade atual nem sempre são vistas com bons olhos, mas esta em particular parece-me favorável. Pelo menos pela minha própria experiência pessoal, julgo que as pessoas com todas estas vivências têm mais tempo para se conhecer melhor, para saber o que querem da sua vida, para procurar nos outros objetivos semelhantes aos seus, têm tempo de crescer (não à pressão) e de amadurecer, tornando-se adultos mais seguros e confiantes, transmitindo essa mesma confiança e segurança aos seus filhos, quando decidirem que chegou a altura de constituir família e "assentar". Não somos todos iguais, temos necessidades diferentes, em alturas diferentes das nossas vidas, por isso não devemos deixar-nos levar pelas pressões sociais e dar um passo maior do que as pernas...
devemos, sim, dar um passo de cada vez, conforme as nossas possibilidades e necessidades. Quem disse que há prazo limite para tudo? Aliás, tirando a paternidade que pode ser condicionada biologicamente, tudo o resto é uma questão tão individual e única como nós mesmos... não há pessoas iguais, não há vidas iguais, logo não há timmings pré-estabelecidos para nada. Há, sim, um infinito de possibilidades, de caminhos, de escolhas. Cabe-nos a nós fazer opções, no momento que considerarmos certo. Desta forma, estamos a respeitar-nos, ao aceitarmos o nosso próprio timming!


Por exemplo, julgo que haja uma certa pressão social, sobretudo para as mulheres, em ter filhos enquanto "são novas". Quando uma mulher ultrapassa a barreira dos 30 anos parece que já está a ficar velha: começam as bocas dos pais (que querem ser avós), dos avós (que têm medo de morrer e não ver os bisnetos), dos amigos (sobretudo os que já têm filhos, mas que muitas vezes têm é inveja porque já não têm tempo para si enquanto casal), dos colegas de trabalho (que invejam a felicidade, bem-estar, ânimo e capacidade de trabalho daqueles que podem dormir a noite inteira, pois passaram a noite em claro porque têm o filho doente).... mas o pior mesmo, é que desde a infância as mulheres são educadas no sentido da maternidade e como tal, também elas, começam a sentir que já é tempo, que se não forem mães antes dos 30 provavelmente nunca o serão! ERRADO. A decisão de ter um filho é provavelmente a mais importante que duas pessoas podem tomar. Podia adjectivar este acontecimento de muitas formas, mas julgo que é sobretudo uma grande responsabilidade. 
Neste sentido, não me parece sensato basear esta decisão em pressões de qualquer tipo, muito menos sociais... o que é que interessa o que o pai, a mãe, o tio, o amigo, o colega ou o vizinho pensa em relação à parentalidade de um casal?? 

A meu ver, absolutamente nada!

2 comentários:

  1. Gosto deste tipo de posts. Acho que deves escrever mais.

    Vou deixar a minha opinião,e talvez divagar um pouco do tema...

    Eu acho que, a maior parte das influências que recebemos são sociais. Não só das pessoas à nossa volta, como dos livros, música, filmes, a arquitectura do sítio onde vivemos, etc. Acho que é algo que não podemos evitar, pois a nossa própria maneira de pensar foi moldada pelas nossas experiências pessoais e como tal, sociais. Podemos é ter a sorte ou azar de ter as pessoas certas ou erradas próximo de nós.

    Quando tomamos uma decisão e pensamos que estamos a toma-la por nós, sem pensar no que os outros pensam, acho que nos estamos a enganar a nós próprios. Em primeiro, porque quase tudo que fazemos na vida afecta alguém, e como tal, devemos pensar nesse alguém e da maneira como o vai afectar, para prevenir sofrimento evitável. E depois porque a própria decisão advém de uma soma de influências de terceiros misturadas com pensamentos gerados pela nossa personalidade, a meu ver, claro.

    Acho que não nos devemos isolar, nem nos nosso pensamentos.

    O problema é que, como li neste post, muitos dos comportamentos de grupo, ou sociais, de hoje, o chamado senso comum, alimenta ideias que não são correctas muitas vezes. Mas devemos identificar essas ideias e descarta-las, sem descartar o pensamento em grupo, ou social, pois quando feito correctamente é muito poderoso pode-nos ser muito útil, e levar-nos a grandes coisas.

    Vou terminar com uma ideia. Será que não gostamos de fazer o que os outros fazem, ou não gostamos de nós por querermos fazer o que os outros fazem?

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    1. Acho que o que disseste não contraria o que escrevi, apenas complementa. Ora vejamos: concordo que cada pensamento, cada opinião, cada comportamento que tomamos diariamente, mesmo que pensemos que seja algo muito individual e próprio, resulta de um leque muito vasto de influências, sobretudo sociais, tal como disseste. Agora o que eu estava a falar não era do conteúdo do pensamento ou do comportamento, ou seja, não do que pensamos sobre algo, mas do momento e do que nos leva a fazer ou pensar algo. Vou tentar demonstrar: uma coisa é dizer que gostas muito de dançar e sair à noite (pelos mais variados motivos, fruto das tuas próprias experiências), outra é dizeres que como tens 27 anos DEVIAS sair à noite muitas vezes, porque és jovem e porque é o que é suposto fazeres... e na realidade sentes-te pressionado a pensar assim e achares que não é normal se te apetece ficar mais por casa, a ver um filme ou a ler um livro (achas logo que estás a ficar velho). Neste exemplo demonstro que às vezes as pessoas estão mais preocupadas com o timming do que com o comportamento... ou seja porque tens 27 anos devias sair mais, mas se tivesses 40 anos, ficar em casa seria perfeitamente aceitável. E vice versa, ouço muitas vezes pessoas criticar cicrano e belcrano porque têm 40anos e saem à noite “como se fossem meninos”. Ninguém quer saber se sair para dançar lhes faz bem ao ego, ao espírito, se os faz relaxar ou outra coisa qualquer agradável... ficam-se pelo facto de socialmente tal actividade estar conotada como sendo típica dos jovens e que os mais velhos deviam era estar em casa, de pantufas no sofá.

      Agora, em relação à pergunta final: “Será que não gostamos de fazer o que os outros fazem, ou não gostamos de nós por querermos fazer o que os outros fazem?”
      Acho que a reposta é tão simples quanto, se gostamos do que os outros fazem, porque não fazermos nós também? Não vejo mal nenhum em “copiar os bons exemplos”. Eu assumo que o faço no meu dia-a-dia. Aprendo muito com o que vejo diariamente, tanto para o bem como para o mal. Agora, não gostar de nós porque queremos fazer o que os outros fazem parece-me parvo… se gostamos do que os outros fazem, a resposta não é não gostar de nós, mas é trabalhar no sentido de também fazer o mesmo. A solução não é rebaixa-nos, mas elevar-nos ao nível das nossas expectativas e daquilo que vemos nos outros, se esses forem os nossos objectivos/ambições. Não temos que ser “idiotas”, não temos que inventar a pólvora, não temos que ser génios para sermos felizes… se queremos fazer o que os outros fazem temos que arregaçar as mangas e lutar por isso.

      Obrigada pela opinião. Um beijo grande

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