segunda-feira, 23 de julho de 2012

Salve-se quem / o que puder!!!

Hoje, primeiro dia das minhas tão ansiadas férias, acordei um pouco mais tarde, fui ao ginásio e depois quando voltei, enquanto arrumava a cozinha do pequeno-almoço e preparava qualquer coisa para almoçar, liguei a TV e, como tem sido habitual nos últimos dias, ouvi notícias sobre o combate aos incêndios. Apanhei parte da reportagem que já tinha visto ontem, onde mostravam as casas consumidas pelas chamas, das quais não tinha restado praticamente nada além de um monte de cinzas... e, depois, mostraram os corrais/cortes onde se encontravam os animais quando o fogo deflagrou, os quais, conforme estava a ser relatado, tinham morrido queimados, aprisionados. Confesso que inconscientemente comecei a imaginar a situação e isso deixou-me arrepiada, até um pouco mal-disposta. Coitadinhos dos animais... que sofrimento. 

No seguimento, às páginas tantas, o repórter que estava a entrevistar um senhor, dono de uma das habitações que teriam ardido, pergunta-lhe como é que tal aconteceu... o senhor disse que quando se aperceberam ainda tentaram salvar algumas coisas, mas que não tinha sido possível porque o tecto já estaria a ruir... o meu pensamento imediato foi: então e os animais? Não deu tempo para os libertar? (sinceramente não sei, provavelmente não, porque não me parece que o senhor quisesse que os seus próprios animais morressem, mais que não fosse pelo prejuízo material acrescido que lhe causaria). 

Depois, dei por mim a divagar e a imaginar-me perante uma situação do género, ou seja: se a minha casa estivesse em perigo de arder, com tudo lá dentro, e eu tivesse oportunidade de "salvar" algumas coisas, o que seria? Haveria alguma coisa sem a qual eu não conseguiria viver? Haveria alguma coisa que eu quisesse MESMO salvar, fosse pelo seu valor material ou pelo seu valor afectivo? E vocês? Alguma vez pensaram no que gostavam de salvar? Dediquem alguns instantes a pensar nisto... eu dediquei!

Após uns minutos de reflexão apercebi-me que não havia nada em particular sem a qual eu não conseguia viver, ou sem a qual a minha vida não fosse a mesma dali para a frente. Se tentar ser um pouco objetiva e prática, talvez "amarrasse" no meu computador, onde tenho "grande parte da minha vida" (pessoal e profissional), mas mesmo isso, não seria uma perda irremediável! Contudo, com toda a certeza, não pensava duas vezes em salvar o meu Yoggi (o meu cãozinho), em detrimento do meu computador. Obviamente, que salvar vida humanas nem sequer se põe em questão!

Depois desta sucessão de pensamentos senti uma certa serenidade interior, porque tinha acabado de me aperceber que, apesar de, felizmente, possuir alguns bens materiais (que quando comprei achei que PRECISAVA MESMO... mas talvez não!), na realidade não são essenciais para mim, não estão na minha lista de prioridades, não fazem parte de mim, apenas "me servem" e servem o propósito para os quais os adquiri, sem os quais, em alguns aspectos a minha vida seria realmente um pouco menos confortável, mas só isso.

Mais tarde, dei um saltinho até ao rio e enquanto punha minha leitura em dia, como que o fechar de um ciclo, li algo que gostava de partilhar.

"O desejo do que é concreto faz parte da natureza humana: queremos ver, queremos tocar, queremos possuir. Mas é essencial reconhecermos que, quando desejamos coisas sem nenhuma razão real além do prazer momentâneo que elas nos proporcionam (e acrescento eu, que nada tem a ver com a verdadeira felicidade), no fim de contas elas podem acabar por nos trazer mais problemas do que alegrias." 


Na realidade, o autor dava mesmo o exemplo dos incêndios, em que a sensação de perda era naturalmente maior nas pessoas mais abastadas, que tinham muitos bens materiais, do que naquelas que tinham pouco e que já há muito tinham aprendido a viver assim.

6 comentários:

  1. Ainda bem que conseguimos guardar muito mais coisas essenciais no coração :)

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    1. Sim, cada vez acredito mais nisso. Não apenas o simples cliché que toda a gente diz da boca para fora, mas sinto-o de verdade. Por isso, há que cultivar mais sentimentos em detrimento de coleccionar coisas. :)

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  2. vá, se desse eu salvava as minhas bikes... :) em todo o caso acho que numa situação real só ia pensar nos meus filhos.

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  3. Sem dúvida, as pessoas que amamos são essenciais e a sua segurança é a nossa única preocupação nesses momentos. :)

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  4. Ok, o blog é teu, mas poupava-se tempo na leitura se a discrição do TEU dia ficasse, digamos... para TI. :P
    Resumindo, olhando para coisas que possam ser compradas que no futuro sejam realmente essenciais, está visto que deves começar a comprar única e exclusivamente, extintores. Assim podes amarrar neles e dar tempo a outros de salvar coisas materiais.

    Como conclusão, gostava um dia de ser alguém abastado para se uma desgraça me tocasse à porta, eu pudesse chorar a perda de muitos bem materiais numa casa, ficando as outras intactas.

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  5. Priminha, perdi um minuto a pensar nisso e nem precisei efectiavmente dos 60 segundos. AS PESSOAS, sim as pessoas que amo fariam-me muita falta, nada mais!
    Quem vive com 1 também pode viver com meio, senão metade da nossa população não sobrevivia com um ordenado minimo...

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